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Os heróis precisam morrer cedo - José Augusto Carneiro

O “caso Demóstenes” me levou à seguinte reflexão: os heróis precisam morrer cedo, na flor da idade, para serem heróis para sempre. Vejamos os Beatles, heróis de uma geração. O grupo se desfez antes de seus integrantes ficarem caretas, gordos, antes de irem a clínicas de desintoxicação. Antes de ficarem fora de moda. Lembramos deles alegres, doidões, criativos e marcando sua época para sempre. Por outro lado, os Rolling Stones ficaram aí, cantando para novos mercados, depois de serem defenestrados pelos seus conterrâneos. Continuam cantando as mesmas músicas de 40 anos atrás, para um público que eles desprezaram naqueles tempos. Há um abismo entre essas bandas no inconsciente coletivo. Jogadores de futebol vivem a mesma situação. Raramente um esportista consegue manter o mesmo desempenho por toda a sua carreira. Imaginem se o Ronaldinho Gaúcho tivesse quebrado a perna e parado de jogar após ser eleito o melhor do mundo. Seria um herói nacional. Imaginem se o Fenômeno não tivesse aquela última temporada pelo Corinthians, exibindo um físico de barril e fazendo-nos esquecer suas arrancadas dos tempos de glória. E o Maradona, se tivesse parado ao final da Copa de 1986, antes de tanta degradação e da falência. Todos eles perderam a chance de serem heróis incontestáveis. Vindo para Goiás, imaginem se Iris Rezende, depois de ser vereador, prefeito, deputado, governador, senador, ministro, depois de interligar todas as cidade de Goiás com asfalto e eletrificar os mais simples vilarejos e fazendas, tivesse parado, se aposentado, se afastado da política. Seria hoje muito maior do que Pedro Ludovico. Mas a derrota para Marconi Perillo disse o seguinte: Iris foi bom, mas não o maior de todos. Felizes os cassados, os derrubados por golpes (principalmente os golpes de direita). Esses serão lembrados pelos professores de geografia como heróis. O herói têm todas as qualidade que sonhamos que tenham. Mesmo que não as tenham. Temos um amor platônico pelos que caíram antes de fazerem tudo o que imaginamos que fariam (não o que fariam realmente). O que quero dizer é que o herói, para ser herói eterno, precisa morrer. De verdade ou metaforicamente. Se continua para além do seu tempo, corre o risco de cair, mesmo que seja por uma única vez. E essa vez acordará seus admiradores do sonho. Lembrará a todos que é um sujeito de carne e osso. Não um herói. Foi o que aconteceu com o senador Demóstenes Torres. Nunca havíamos visto um político desafiar com tanta confiança um o sistema corrupto dos partidos; inclusive do seu próprio. Quem não concorda com as práticas de certas estrelas do PT via nele uma luz, um fio de esperança. Valores familiares, valores morais, escola em tempo integral, novas práticas para a administração pública. Quem pode discordar que as bandeira levantadas contra a brandura do Código Penal, contra os benefícios aos bandidos e contra os crimes sexuais são nossas verdadeiras aspirações? Seu eleitor votava e o admirava. Não votou nele porque é bonito (não o é), nem por ser simpático (também não). Não se conhece qualquer suspeita de que tenha comprado votos. Um político de votações espontâneas, num mundo onde há tanta interferência do poder econômico nas eleições. Por isso mesmo, muitos falavam: “Quem sabe, governador.” “Quem sabe, vice-presidente.” “Até presidente.” Mas o tempo passou. Poderíamos um dia ter o Palácio Demóstenes Torres, Fórum Demóstenes Torres, Casa de Cultura Demóstenes Torres. Mas certamente não os teremos. O herói falhou. Seu maior patrimônio, a confiança de seus eleitores/admiradores, foi perdido. No dia 1º de abril, fui cortar o cabelo num salão de uma cidade do interior. Onde as vezes esperamos que certas confusões da capital não cheguem. Onde as informações antigamente demoravam semanas (maldito mundo globalizado). Homens velhos, novos, um advogado, um chacareiro, o cabeleireiro. Todos: “Demóstenes acabou”. É. Os heróis precisam morrer no auge, para serem heróis para sempre. José Augusto Carneiro é gestor de Finanças e Controle, professor do Curso de Formação de Pregoeiros da Escola de Governo do Estado de Goiás jose-ac@pge.go.gov.br Publicado na coluna Artigo no dia 06/04/12

Fonte: Jornal O Popular

Data : 23/04/2012
















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